1 de maio de 2009

Carismáticos x Tradicionais: A Igreja Se Divide?

Eis aí uma questão difícil na Igreja Católica: por que Carismáticos e Tradicionalistas não se misturam? A Renovação Carismática, movimento da Igreja Católica que trabalha espiritualidade e oração, chegou ao Brasil há aproximadamente 40 anos. Porém, o movimento carismático católico sempre teve, desde seu início, muitas semelhanças com o protestantismo em sua metodologia de trabalho e expressão da fé. Ao longo dos anos esse movimento, chamado de RCC – abreviatura de Renovação Carismática Católica – começou a sofrer mudanças, tomando mais a “cara” e o jeito do fiel católico e da própria Igreja.
Primeiro vamos esclarecer uma coisa: coloquei o termo “carismático” por ser a forma mais conhecida de classificar um membro participante da RCC. Porém, não seria correto usar este termo porque toda a Comunidade dos filhos de Deus, entronizados na família católica pelo Sacramento do Batismo, é carismática. Por quê? Porque todo batizado recebe os dons do Espírito Santo. Todos recebem os dons e logo podem descobrir quais são seus carismas. Por exemplo: recebemos o dom do conselho, dom de ciência, dom de sabedoria, entre outros. Todos podem ser pregadores, intercessores, ministros de cura, de aconselhamento, acolhedores. Cada indivíduo detém em seu coração os dons do Espírito Santo. Mas um ou dois destes dons se manifestam em nosso interior e em nossa vida como chamado de Deus no projeto da evangelização, portanto, como missão. Esse dom que nos leva a conhecer e assumir nossa missão é chamado de “carisma”. Como todos são fiéis missionários, que devem tomar parte na missão comum da Igreja – Evangelizar – e em nossa missa particular, determinada por nosso carisma, somos todos fiéis CARISMÁTICOS, sendo ou não membros participantes e/ou atuantes da RCC. Sendo assim, os chamados “tradicionais”, que são maioria da Igreja, também são carismáticos.
Agora podemos discutir e responder a pergunta de hoje: Por que “carismáticos” e tradicionalistas não se misturam?
Vamos fazer uma viagem no tempo e voltar dois mil anos na história. Jesus chama os doze e os envia em missão. Após Sua Paixão e Morte Ele ressuscita e chama Pedro a apascentar seu rebanho (Jo 21, 15-17). Pedro torna-se, assim, o chefe e Pastor do grupo dos Apóstolos. Este grupo cresce e logo se forma a primeira comunidade cristã (Atos 2). Pedro viveu com Cristo, viu todas as Suas obras e ouviu de Sua própria d’Ele Seus ensinamentos. Homem de coração puro, fiel a Cristo, porém pouco estudado e, portanto, um tanto cabeça-dura. No outro lado da moeda temos Saulo. Homem inteligente, estudado, profundo conhecedor da Palavra de Deus, até então escrita – Antigo Testamento – que perseguia os cristãos por achar que Jesus e Seus seguidores feriam as leis do Antigo Testamento, sem ter a sensibilidade de perceber que o que acontecia ali era a manifestação do grande Amor de Deus para com o homem pecador e miserável. Mas Saulo recebe a visita do Senhor que o faz viver uma das mais belas conversões citadas na Sagrada Escritura (Atos 9) e sua mudança de vida é tão profunda que passa a se chamar Paulo (Atos 13, 9), assumindo não só nova identidade como nova missão. Paulo, por ser um líder nato, tem desejo de evangelizar novos fiéis, enquanto Pedro, muito rígido, prefere permanecer com os cristãos da região de Nazaré e da Galiléia.
E é aí que encontramos o ponto das diferenças entre opiniões. Pedro e Paulo percorreram caminhos diferentes, mas tornaram-se os maiores responsáveis pelo crescimento e expansão do cristianismo nos primeiros séculos. Mas os dois discordavam muito em suas opiniões. E é justamente depois de uma discussão entre os dois que Pedro permanece em Roma cuidando dos cristãos e Paulo sai a evangelizar os pagãos, contrariando a vontade de Pedro.
O que não podemos esquecer é que a Igreja Católica foi liderada por Pedro, primeiro pastor dessa Igreja, primeiro Papa, tendo seu apostolado se prolongado ao longo dos últimos dois mil anos através da sucessão apostólica chegando aos dias de hoje tendo o Papa Bento XVI como atual Pedro. Por esse motivo, o catolicismo chega ao segundo milênio ainda seguindo os passos evangelizadores de São Pedro, imitando seu espírito conservador. Porém, os seguidores de Paulo tornaram-se pessoas mais dinâmicas e ativas na missão evangelizadora. E a RCC seguiu essa metodologia. Enquanto o cristianismo toma a linha Petrina (seguindo a dinâmica conservadora de Pedro) a RCC surgiu dentro da Igreja como um movimento que segue a linha Paulina, mais dinâmica e “atrevida” no ministério da evangelização.
Não importa de que forma evangelizamos ou em que movimento ou pastoral da Igreja atuamos. O importante é compreender que somos todos membros da mesma Igreja, do mesmo Corpo Místico de Cristo, que somos a mesma família dos filhos de Deus e que somos irmãos em Cristo Jesus. Não importa onde e como trabalho pelo Reino de Deus. O importante é seguir com fé e respeito, obedecendo a Santa Mãe Igreja, adorando o Salvador e acolhendo os irmãos que precisam de atenção e instrução nos caminhos do Senhor. Porque no final das contas Pedro e Paulo divergiam em suas opiniões, mas trabalharam juntos e em comunhão e, em unidade, colaboraram para o crescimento e fortalecimento do cristianismo, animados pela graça abundante do Espírito Santo que emana do coração de Deus para o coração do homem.

Paz e bem!

15 de abril de 2009

Como Evangelizar os Evangelizados

Eis aí uma questão interessante: é mais fácil ou mais difícil evangelizar os evangelizados?
Primeiro é preciso definir o termo evangelizado: evangelizado é todo aquele que já tomou conhecimento da Palavra de Deus, de Sua graça redentora, de Sua ação amorosa, pela intervenção do Espírito Santo, através da efusão desse mesmo Espírito, pela manifestação dos dons e frutos, que nos levam ao serviço missionário e ao amor mútuo como filhos de um mesmo Pai, irmãos em Cristo Jesus.
Dito isto, possamos refletir: os evangelizados conhecem a Deus e conhecem também as bênçãos e maldições provenientes de suas ações e decisões. Conhecem o bem e o mal e tem pleno juízo para fazer distinção entre ambos. Todo evangelizado tem o desejo de ser como a vela que queima no altar, queimando para indicar a Luz de Deus, ser luz para os irmãos. Infelizmente, muitas vezes, suas velas acabam caindo do altar e ficando embaixo da mesa. São luz. Jesus diz “nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa” (Mt 5, 15). O Senhor reuniu Seu povo em Sua Casa (Igrejas, Comunidades, Fraternidades...) e constituiu líderes servidores entre este povo. Também constituiu ministros, catequistas, coroinhas, agentes de pastorais, entre outros. Todos somos essa luz que se queima no altar do Senhor.
O que faz, então, alguém que já sentiu o poder de Deus e a graça do Espírito Santo, afastar-se dessa graça e da comunhão dos filhos de Deus? Leia este trecho do Evangelho: “Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um.” (Mt 13, 4-8). Veja, todos recebemos as sementes da Palavra de Deus. Porém, cada um as recebe de forma diferente. Portanto, cada um reagirá de forma diferente. Nem toda terra é boa. Mas toda terra pode ser terra boa. Basta que alguns terrenos sejam bem cuidados, adubados, remexidos.
É justamente isso que acontece com as velas que “caem” do altar e ficam com sua luz escondida. Conhecem seu chamado e sua missão, mas não conseguem responder sim a eles. Para evangelizarmos as pessoas que estão nessa situação precisamos, em primeiro lugar, orar por eles, interceder pela sua situação, para que voltem a sentir plenamente o Amor de Deus e sintam novamente essa chama ardente que queima no coração do homem no desejo de evangelizar, de ajudar os que precisam de ajuda. Amar como Jesus amou. Todos temos defeitos e somos pecadores. Portanto, amar o pecador. Aceitar seus erros e defeitos, porque só quem pode mudar as pessoas é Deus. Não somos nós que fazemos o Chamado. Não somos nós que convertemos. Apenas somos instrumentos nas mãos de Deus. Como instrumentos nas mãos de Deus precisamos estar calibrados na oração pessoal, na confissão, na comunhão Eucarística.
Para evangelizar os evangelizados, enfim, é preciso ter uma “carta na manga”. É preciso ter Sabedoria. Mais do que a inteligência, que é conhecer-se a si mesmo, a Sabedoria é dom de Deus, que ensina e orienta, e não nos deixa errar nas ações e decisões do dia-a-dia. Veja o que Salomão ensina sobre a Sabedoria: “Assim implorei e a inteligência me foi dada, supliquei e o espírito da sabedoria veio a mim... Com ela me vieram todos os bens, e nas suas mãos inumeráveis riquezas.” (Sab 7, 7.11). Salomão poderia ter pedido tudo a Deus. Mas pediu somente a sabedoria e a inteligência (vide 2Cron 1, 7-10). A esse pedido Deus responde: “Já que este é o desejo de teu coração, e não me pedes nem riquezas, nem tesouros, nem glória, nem a vida de teus inimigos, nem uma longa vida, mas me pedes sabedoria e inteligência a fim de bem governar o povo do qual eu te fiz rei, pois bem, a sabedoria e a inteligência ser-te-ão concedidas, mas também riquezas, tesouros e glória mais do que jamais possuíram os reis, teus predecessores, e que jamais possuirão teus sucessores” (2Cron 1, 11-12). Mas não se deve pedir a sabedoria para benefício próprio. Deus disse “Já que este é o desejo de teu coração...” (versículo 11). Deus sonda o coração do homem e sabe as intenções de cada indivíduo. Ninguém pode enganar a Deus. Do contrário, está enganando a si mesmo. Pedir a sabedoria com coração sincero é receber graça e paz da parte de Deus. E, com esta sabedoria que vêm do Alto, podemos evangelizar os evangelizados sem ferir sua liberdade e seus sentimentos, lembrando sempre que quem resgata o homem é Deus, mas que podemos nos colocar a Sua disposição como instrumento de evangelização.
Evangelizar os evangelizados não é fácil, mas "tudo é possível ao que crê" (Mc 9, 23).

Paz e bem!

9 de abril de 2009

As 15 Dores Secretas de Jesus

Estamos na Semana Santa e muitas pessoas ignoram ou desconhecem a importância da mensagem das celebrações e crenças da Igreja Católica sobre a Semana Santa. Celebramos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua prisão e morte. Sua Gloriosa ressurreição.

Um pouco sobre a Liturgia desta maravilhosa celebração de fé. No domingo que antecede a Páscoa, a Igreja celebra o Domingo de Ramos, revivendo o advento da entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um burrico e recebido pelo seu povo com ramos de palmas nas mãos em uma grande festa (vide Jo 12, 12-19), onde foi adorado e exaltado pela multidão que O acompanhava.

Na quinta-feira da Semana Santa a Igreja faz duas celebrações: a Missa dos Santos Óleos, quando a Autoridade Eclesiástica abençoa o óleo do “Santo Crisma”, utilizado nas ordenações sacerdotais, nas celebrações de crisma e catecumenato e nas unções aos enfermos. A outra celebração que a Igreja realiza é a Missa do Lava-pés, relembrando que Jesus lavou os pés de seus discípulos para dar o exemplo do serviço (vide Jo 13, 1-15).

Na sexta-feira, que é o dia em que celebramos a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, se realiza em todas as paróquias a adoração do Senhor-morto, tradição que nos leva a reflexão sobre o sacrifício de Jesus. Também na sexta-feira se realiza a procissão da Via-Sacra.

O Sábado de Aleluia lembra que Jesus desceu ao inferno para buscar as almas. Celebramos a esperança da nossa ressurreição em Cristo, vencedor da morte. Celebramos a esperança de alcançar com Ele a Vida Eterna.

No Domingo de Páscoa nossa Igreja se reveste de toda alegria e exaltação a Deus pela ressurreição do Senhor Jesus, que vence a morte e nos torna vencedores Nele.

Todos sabem que Ele sofreu muitas humilhações no caminho do Calvário e que sentiu muita dor ao carregar Sua pesada cruz e ao ser pregado e erguido como malfeitor. O que muitos não sabem é que na noite em que foi preso, de quinta para sexta, Jesus sofreu uma noite inteira de humilhações e agressões, das piores possíveis. São as 15 dores secretas de Jesus, reveladas pelo Senhor à bem-aventurada Irmã Maria Madalena, quando o Senhor faz uma promessa:
“Concederei tudo o que me pedires pelas Minhas dores ocultas”.

Jesus não sofreu à toa. Ele sofreu por nós, para nos libertar do pecado e da morte. Seu sacrifício não foi em vão. Ele tanto nos amou que aceitou a Sua cruz. Sua misericórdia é tão grande que Ele foi capaz de carregar em Seus ombros todo o peso de nossos pecados. E depois de ter feito tudo isso ainda nos dá mais uma chance de alcançarmos as graças que vem do Alto, com esta promessa, que de tão maravilhosa, vou repeti-la: “Concederei tudo o que me pedires pelas Minhas dores ocultas”.

Então, nada melhor do que refletirmos em Suas dores secretas e aplicar nosso coração pecador à prática do bem e à conversão, que deve acontecer dia-a-dia.

As 15 Dores Secretas de Jesus:
Obs.: após cada reflexão, rezar 1 Pai-Nosso, 1 Ave-Maria e 1 Glória ao Pai.

1. Cortaram os Meus pés com uma corda e arrastaram-Me por uma escada abaixo, para uma cave fedorenta e imunda.
2. Despojaram-Me das Minhas vestes e cobriram o Meu corpo de chagas com pontas de ferro.
3. Ataram uma corda à volta do Meu corpo e arrastaram-Me pelo chão, de uma ponta à outra da cave.
4. Ligaram-Me a uma trave de madeira e nela Me deixaram suspenso, até que escorregasse e caísse por terra. Este sofrimento fez jorrar dos Meus olhos lágrimas de sangue.
5. Fixaram-Me a uma estaca e martirizaram-Me com todas as espécies de armas, varando-Me o corpo. Atiraram-Me pedras e queimaram-Me com brasas e archotes.
6. Atravessaram-Me com sovelas e agulhas e arrancaram a pele e a carne do Meu corpo e das Minhas veias.
7. Ataram-Me a uma coluna e colocaram-Me os pés sobre uma chapa metálica incandescente.
8. Coroaram-Me com uma coroa de ferro e vendaram-Me os olhos com trapos repugnantes.
9. Assentaram-Me sobre uma cadeira cheia de pregos aguçados, que abriram profundos buracos no Meu corpo.
10. Aspergiram as Minhas chagas com resina e chumbo fundido e lançaram-Me da cadeira abaixo.
11. Para vergonha Minha, e Meu suplício, cravaram agulhas e pregos nos furos da Minha barba, já violentamente arrancada.
12. Atiraram-Me sobre uma cruz, à qual Me amarraram com uma corda, de pés e mãos, com uma tal força e dureza, que estive quase a ponto de ser asfixiado.
13. Espinharam-Me a cabeça. Um deles pôs-Me o pé sobre o peito e atravessou-Me a língua com um espinho da Minha coroa.
14. Deitaram-Me as mais horríveis imundícies na boca.
15. Fizeram recair sobre Mim uma torrente de injúrias infames, ligaram-Me as mãos atrás das costas, conduziram-Me para fora da prisão, batendo-Me e vergastando-Me vezes sem conta.

Após a reflexão e a oração sobre cada reflexão, pode-se concluir esse momento de oração com o seguinte Oremos:

Meu Senhor e meu Deus! É minha irrevogável vontade honrar-Vos, louvar-Vos e adorar-Vos pelas Vossas quinze dores secretas e pelo derramamento do Vosso sangue. Quantos grãos de areia haja no mar, grãos de terra nos campos, rebentos de erva em toda terra, frutos sobre as árvores, folhas nos ramos, flores nos campos, estrelas no firmamento, anjos no céu e criaturas sobre a terra, tantos milhares de vezes sejam adorados e glorificados o Senhor Jesus Cristo, o Seu santíssimo Coração, o Seu preciosíssimo Sangue, o sacrifício divino da santa missa e o Santíssimo Sacramento do altar.

Sejam louvados e glorificados a santíssima Virgem Maria, os nove coros gloriosos dos anjos e a multidão dos santos, por mim e por todos os homens, agora e por toda a eternidade. Tantas vezes eu desejo, meu bem-amado Jesus, agradecer-Vos, servir-Vos e agradar-Vos, reparar todos os ultrajes que Vos são feitos e pertencer-Vos de corpo e alma.

Quero muitas vezes arrepender-me dos meus pecados e pedir-Vos, a Vós, ó meu Deus, perdão e misericórdia. Quero também oferecer ao eterno Pai os Vossos méritos infinitos, em reparação das minhas faltas e dos meus pecados e pelos meus tão merecidos castigos. Estou firmemente decidido a mudar de vida e peço-Vos que, à hora da minha morte, me sinta feliz e em paz.

Quero também rezar pela libertação das pobres almas do purgatório. Desejo renovar fielmente este louvor de reparação e amor em cada hora do dia e da noite, até o último instante da minha vida. Peço-Vos, meu bom e amabilíssimo Jesus, que confirmeis no céu este meu sincero desejo. Não consintais, Jesus, que ele seja destruído pelos homens e, muito menos ainda, pelo espírito maligno. Amém.

Paz e bem!

8 de abril de 2009

O Segredo de Fátima

Atendendo um pedido especial estou escrevendo a primeira reflexão do Blog sobre o Segredo de Fátima. Quero lembrar que é um assunto polêmico e delicado. Nas últimas três décadas muito se falou acerca deste segredo, principalmente sobre a terceira parte dele. Não quero polemizar o tema. Apenas citarei e discorrerei sobre o conteúdo divulgado oficialmente pelo Vaticano.

Em várias partes do mundo há relatos de aparições de Nossa Senhora. Muitas delas ainda não foram confirmadas pela Igreja Católica como sendo verídicas. Enquanto a Igreja não se pronuncia sobre tais aparições, devemos nos ater a outras devoções. A mais conhecida de todas elas aconteceu na cidade de Fátima, em Portugal. Foram seis aparições (13 de maio, 13 de junho, 13 de julho, 15 de agosto, 13 de setembro e 13 de outubro), todas no ano de 1917. Nossa Senhora apareceu a três irmãos, três crianças, pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, pela primeira vez em 13 de maio. Pediu que as crianças não tivessem medo dela e que a ouvissem. Em seguida, realizou as demais aparições. No dia 13 de julho do mesmo ano, data da terceira aparição, Nossa Senhora revelou o Segredo de Fátima aos três pastorinhos. Ainda no ano de 1917, em 13 de outubro, data da sexta e última aparição dela, aproximadamente 60 mil pessoas presenciaram um milagre, na presença das três crianças: foram testemunhas de um deslocamento do sol, no céu, perto de meio-dia, girando e se movendo em várias direções, voltando à posição de origem minutos depois. Uma prova física aos presentes para que cressem e dessem testemunho em favor das crianças que afirmavam receber as visitas de Nossa Senhora, que passou a ser venerada, primeiro em Portugal, posteriormente em todo o mundo, com a nomenclatura de Nossa Senhora de Fátima.

Jacinto e Francisca faleceram bem jovens e Lúcia, recentemente. Os três já foram Beatificados pela Igreja, em reconhecimento pela veracidade dos fatos relatados por eles e reconhecidos pela Santa Sé como verdadeiro sinal de Deus para a humanidade em tom de penitência e conversão.

Irmã Lúcia revelou o segredo, anos mais tarde, contando apenas a primeira e a segunda parte, dizendo: “o Segredo consta de três coisas distintas”, que são:

1ª parte – a visão do inferno;
2ª parte – a punição do mundo;
3ª parte – a crise da Igreja.

Vejamos como Irmã Lúcia descreve cada parte do segredo:

“1ª parte do Segredo: Bem, o Segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi, pois, a vista do inferno! Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas dos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição). Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.

2ª parte do Segredo: Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: ‘Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para salvá-las Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para impedi-la virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O “Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”.

Antes de citar a terceira e última parte do Segredo, vamos observar um trecho muito importante para nós: “O meu Imaculado Coração Triunfará”. Qual o significado disso? O que Nossa Senhora quis dizer com estas palavras? O fiat de Maria, seu Sim pleno e total à obra de Deus, permitiu que nosso Salvador viesse a esse mundo para nos libertar das prisões do pecado e da morte. Deus se compadece do homem e manda Seu próprio Filho para nos libertar. Aliado ao momento em que Jesus nos entrega a proteção maternal de Maria, aos pés da Cruz (Jo 19, 25-27), o Senhor vem nos encorajar a seguir firmes na fé, fiéis a Ele e Sua Igreja, sem desviar do caminho que nos leva a Salvação. Assim, tomamos as palavras de Cristo, reveladas no Evangelho de São João: “Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Porque Jesus venceu o mundo, Sua Mãe, que também é nossa, pelo amor misericordioso, triunfará diante de todos os males e sofrimentos e diante da visão temerosa que as três crianças tiveram em Fátima.

“3ª parte do Segredo: Escrevo em ato de obediência a Vós, Deus meu, que mo mandais por meio de sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da Vossa e minha Santíssima Mãe. Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda. Ao cintilar, despedia chamas que pareciam incendiar o mundo. Mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: o Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte, disse: Penitência, Penitência, Penitência! E vimos numa luz imensa, que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas num espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subiram uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos, como se fora de sobreiro com a casca. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meio em ruínas, e, meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. Chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns atrás dos outros, Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos, cada um com um regador de cristal na mão. Neles, recolhiam o sangue dos Mártires e, com ele, regavam as almas que se aproximavam de Deus“.

Segunda a interpretação da Igreja e da própria Irmã Lúcia, a terceira parte da visão refere-se à luta do comunismo ateu contra a Igreja e os Cristãos e que o personagem principal da visão é o Santo Padre, o Papa João Paulo II, que em 1981 sofreu um atentado. Em encontro realizado em 27 de abril de 2002, em Coimbra, Portugal, com o Presidente da Congregação para a Doutrina da Fé, à época, Dom Serafim de Sousa Ferreira, também Bispo de Leiria-Fátima, ao ser perguntada se a visão referia-se ao Papa ela responde que sim e recorda que os três pastorinhos sentiam muita pena pelo sofrimento do Papa e que Jacinta repetia: “coitadinho do Santo Padre... tenho muita pena dos pecadores”. E acrescenta que eles não sabiam o nome do Papa, mas sabiam que era ele que sofria e isso os fazia sofrer também. Quanto ao Bispo vestido de branco, isto é, o Papa, que é ferido de morte e cai por terra, Irmã Lúcia concorda plenamente com a afirmação do próprio João Paulo II: “Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Santo Padre agonizante deteve-se no limiar da morte”.

Enfim, as aparições de Fátima são até os dias de hoje uma grande graça para a Igreja, pelo alerta e pelas mensagens que nos foram reveladas e pela belíssima devoção ao Imaculado Coração de Maria que foi entregue aos homens como alternativa de conversão e bênção.

Diante de qualquer problema ou sofrimento em sua vida lembre-se que Jesus venceu o mundo e que Maria triunfará. E que tudo isso é Amor Divino por nós. O amor de um Deus que se compadece com o sofrimento de Seu povo e que está sempre com Suas Mãos estendidas a nós para nos socorrer.

Paz e bem!

7 de abril de 2009

Dúvidas na Fé!

Olá, pessoal! Esta é a primeira postagem do meu blog, Lectio Divina.

Em primeiro lugar quero dar as boas-vindas a todos os que vierem a ler este blog e dizer que sintam-se a vontade para responder minhas postagens e fazer perguntas e questionamentos sobre todo e qualquer assunto sobre a fé católica ou outros assuntos pertinentes ao ambito religioso.

Por que "Lectio Divina"? Signica "leitura de Deus". A Lectio Divina é uma leitura orante de Deus. No Evangelho de João, capítulo 1, versículo 1 e seguintes, vemos Deus revelando-se como "o Verbo que se fez carne e habitou entre nós". A Bíblia é a Palavra de Deus, semeada no meio do povo, portanto, é palavra viva, que traz vida e ilumina o caminho desse povo. A Palavra de Deus é a orientação mais certa para a caminhada missionária. Com isso, este blog recebe tal nome por representar uma opção de conhecimento e estudo da Palavra. É a chance de tantas almas angustiadas esclarecerem suas dúvidas na fé. E de tantas outras pessoas com sede de aprender sempre mais sobre Deus sem saber como fazer isso.

Conto com o apoio de todos para a divulgação deste blog e espero poder ajudar sempre, da melhor maneira possível, a esclarecer as dúvidas de todos.

Um forte abraço a todos. Que Deus abençoe vocês e Maria os acompanhe!
Paz e bem!